Pr. David R. da Silva
Introdução
Os conflitos ocorrem em todas as áreas das relações humanas. A própria natureza humana é conflituosa. O apostolo Paulo declarou que a carne milita contra o espírito (Gl 5:17). Os conflitos podem ser: pessoais, interpessoais, grupais e intergrupais.
I. ELEMENTOS CAUSADORES DE CONFLITOS NA HISTÓRIA BÍBLICA.
A. Caim versus Abel – Gn 4:3-8.
Choque de caráter.
B. Abraão versus Ló – Gn 13:1-11.
Resultado de crescimento sem planejamento.
C. Esaú (relativista) versus Jacó (oportunista) – Gn 25:27-34.
Visão espiritual distorcida.
D. Saul (ciúme, medo) versus Davi (lealdade) – I Sm 18:12-19.
Decadência moral contra humildade.
E. Acabe (mundanismo) versus Elias (fidelidade) I Rs 21:17-29.
Perversão total contra a fidelidade.
F. Paulo (intransigência) Barnabé (convicção) At 15:36-41.
Choque de personalidades e convicções.
G. Paulo (franqueza rude) Pedro (maleabilidade) Gl 2:11-14.
Diferença de visão ministerial.
II. ANÁLISE DOS CONFLITOS ENTRE OS APÓSTOLOS:
O melhor exemplo bíblico de conflito entre lideres encontramos entre os apóstolos. Ao escolher os doze homens para formar o seu colégio apostólico o Senhor teve o cuidado de chamar a si pessoas diferentes. A Bíblia diz que Jesus chamou os que Ele mesmo quis (Mc 3:13) indicando que a sua escolha não foi casual ou aleatória, nem imposta ou obrigatória, masobjetiva e intencional.
A. Diferenças Pessoais que Alimentaram Conflitos Entre os Doze.
1. Origem – alguns eram da Judéia outros não.
2. História de vida – alguns de pais ou mães desconhecidos.
3. Formação religiosa – seguiam tendências do farisaísmo, saducaismo.
4. Atividade profissional – pescadores, coletores, guerreiros.
5. Ideologia política – alguns pró-romanos.
6. Estado civil – alguns casados, outros solteiros.
7. Formação intelectual – alguns estudaram mais outros menos.
8. Personalidades/Temperamento – colérico, fleumático, sanguíneo, melancólico.
9. Gostos pessoais – sobre comidas, cores, assentos de conversas etc.
10. Biotipo – cor, altura, voz, andado, humor etc.
B. Valores Ético-Morais que Provocaram Conflitos entre os Apóstolos.
Cada pessoa tem seus valores ético-morais, adquiridos por herança genética, pela formação familiar, pelas convicções religiosas, pela formação cultural etc., pelos quais luta e dos quais não abre mão. São os famosos “princípios de vida”, muitos deles transformados em “preconceito”. São valores positivos, mas se colocados de forma e no tempo errados podem provocar conflitos. Qualquer um destes, ao ser colocado como objetivo em si mesmo, sem consideração dos valores e ou necessidades do próximo, pode provocar conflito. Na convivência dos apóstolos com Jesus e uns com os outros podemos observar:
1. Sinceridade (sem descrição) – Mt 16:21-23.
Pedro, sem nenhuma parcimônia ou discrição repreendeu a Jesus, sobre o que ele mesmo não entendia.
2. Lealdade (sem compaixão) – Jo 18:10,11
Pedro, cortou a orelha de Malco, um soldado que cumpria o seu doloroso dever de prender a Jesus. Pedro atinge o alvo errado.
3. Justiça (desproporcional e com indignação) – Mt 20:24.
Os dez apóstolos, sentindo-se ofendidos pelo pedido de Salomé e seus dois filhos, revoltam-se contra os dois companheiros.
4. Honestidade (sem humildade e sem fé) – Jo 20:24-29.
Tomé negou-se a aceitar a ressurreição de Jesus sem provar concretas, colocando em dúvida o testemunho de seus companheiros, privilegiando sua incredulidade.
5. Interesse (sem conhecimento) – At 1:6,7.
Os apóstolos indagam a Jesus obre a instalação do Reino, numa demonstração de ignorância bíblica e são repreendidos pelo Senhor.
C. Sentimentos Negativos que Provocaram Conflitos Entre os Doze.
Se sentimentos positivos, mal usados, provocaram dificuldades, imagine o que ocorreu com os sentimentos negativos. Na convivência entre os doze e Jesus toda a humanidade deles foi exposta e testada. Aqui estão alguns desses sentimentos:
1. Vaidade e Ressentimento – Mt 20:24-27.
a. A atitude de Tiago e João, com a solidariedade de sua mãe Salomé, demonstra a vaidade deles de serem superiores aos seus companheiros.
b. A reação desproporcional dos dez demonstra o alto grau de ressentimento deles.
2. Preconceito e Desrespeito – Jo 4:27.
A censura dos discípulos, ao verem Jesus conversando com uma mulher, revela o alto grau do preconceito deles e o desrespeito ao julgar o Senhor.
3. Intolerância e Arrogância – Lc 9:49.
Os apóstolos manifestaram intolerância ao não admitir que alguém pudesse pregar o Evangelho, não sendo do grupo deles. Manifestaram arrogância ao proibir aquela prática.
4. Orgulho e Exaltação – Lc 9:46-48.
Por mais de uma vez os apóstolos discutiram entre si sobre quem, de entre eles, seria o maior. Chegaram mesmo a “discorrer” ou discursar sobre o tema – (Mc 9:33).
5. Ódio e Vingança – Lc 9:53,54.
Estes sentimentos os apóstolos manifestaram contra alguém de fora do grupo, os samaritanos. Mais uma vez João e Tiago são solidários no desvio de conduta. Paulo recomendou em Romanos 12:19 “não voz vingueis a vós mesmos... mas daí lugar à ira”.
6. Falsidade e Cinismo.
Este é o mais triste exemplo de desvio de conduta, porque não foi um defeito da natureza humana mas um posicionamento movido pelo mau caráter de Judas que deixou-se dominar por Satanás.
Conclusão:
Alguns conflitos são inevitáveis mas a sabedoria está não só nas tentativas de evitá-los mas na maneira sábia de administrá-los. Quando se administra corretamente um conflito de liderança espiritual, os resultados são o CRESCIMENTO, O AMADURECIMENTO e a EXPERIÊNCIA.
Estudo foi ministrado na(no):
IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS
IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS
Escola Bíblica Nacional – Campo do Guará – DF
João Pessoa – Paraíba – Brasil