COMPETITIVIDADE OU COOPERATIVIDADE

COMPETITIVIDADE OU COOPERATIVIDADE
Por David R. da Silva

Introdução:
Há duas maneiras absolutamente opostas, de se promover a motivação de uma igreja local. A primeira é através da competitividade e a segunda através do cooperatividade.
Alguns pastores tem lançado mão de artifícios ou métodos competitivos para obter de suas igrejas maior produção; de cada um de per si e do grupo, como um todo. Este pensamento tem buscado apoio nas experiências políticas e econômicas do mundo globalizado, em que estamos vivendo.
Outros, conscientemente ou não, tem se negado a imitar o mundo moderno, defendendo a cooperatividade como fórmula de motivação para o serviço cristão de seus rebanhos.
I. Exposição do pensamento competitivo
A. A natureza humana
Segundo os defensores deste pensamento o ser humano é por natureza competitivo.
A competitividade está presente em todas as esferas da vida do homem, tais como na família, no trabalho, na guerra, na política e por que não, na igreja?
Segundo os defensores deste pensamento o mal não está no espírito competitivo do homem mas na distorção desta característica. Se formos capazes de reorientar o homem para a busca de ideais elevados a competitividade será altamente benéfica.
B. O exemplo de Jesus
Segundo os defensores desta idéia, se o Senhor Jesus não defendeu, abertamente, a competitividade. Ele também não a combateu. Poder-se-ia considerar até que Jesus usou esta característica humana para obter de seus discípulos os melhores resultados para o Reino. Segundo estes, todos os homens escolhidos por Jesus para o apostolado tinham como marca fundamental a competitividade. Em alguns momentos ocorreram exageros que, prontamente, o Senhor corrigiu. Mc 9.33-37
C. O exemplo de Paulo
Para estes o apóstolo Paulo apoiou a competitividade ao relatar obras que haviam sido realizadas por “comunidades concorrentes” como o caso da ajuda da Macedônia para a Judéia - II Co 8.1-6.
II. Exposição do pensamento cooperativo
Outro grupo de líderes combate fortemente a idéia da competitividade absoluta apresentando os seguintes argumentos:
A. Sobre o instinto da natureza humana
1. É uma distorção do que Deus criou originalmente por isso devemos combater.
2. O que devemos imitar é a natureza divina que é cooperativa. At.
3. São maiores os prejuízos da “exploração” do instinto competitivo do que os benefícios, para o crente individualmente e para o corpo.
B. Sobre o exemplo de Jesus
1. O Senhor combateu, claramente, a competitividade interna, enfatizando, ao contrário, a cooperatividade entre os apóstolos Mc 9.35.
2. Jesus apoiou, fortemente, não a competitividade, mas a luta aberta contra as forças do mal.
3. Alguns dos apóstolos tinham o espírito fortemente competitivo, às vezes destrutivo, mas foram trabalhados por Jesus no sentido oposto e se tornaram, acima de tudo, cooperativos. Lc 10.17-20
C. Sobre o exemplo de Paulo
1. Os relatos que o apóstolo Paulo fez de obras realizados por igrejas e companheiros em Cristo, visavam reconhecer o que de bom ele havia recebido e motivar aos demais à imitação e não à competição.
2. Era uma forma também de dar graças a Deus pela operosidade das igrejas e obreiros.
3. Paulo claramente ensinou e estimulou a cooperatividade. I Co 3.9
III. Resumo final
A. A natureza de Deus
1. A Bíblia nos apresenta um Deus que, em seu Ser, é essencialmente cooperativo. I Jo 5.7
2. A cooperatividade do Ser de Deus é um paradigma para a unidade da igreja. Jo 17.4-5. Segundo a Bíblia devemos imitar a natureza de Deus e não a natureza humana.
B. A natureza humana
1. O instinto competitivo da natureza humana é carnal e destrutivo devendo ser controlado pelo fruto do Espírito; porque somos novas criaturas em Cristo.
2. Admitir a exploração do instinto competitivo humano é o mesmo que declarar que a nova natureza em Cristo não é uma realidade e que os meios justificam os fins.
3. Os resultados práticos da competitividade na igreja, muitas vezes imitando a sociedade mundana, tem sido mais negativos do que positivos. Veja como acabam os festivais, as gincanas, os torneios e as várias competições entre crentes. Muitas vezes, ao final de uma competição qualquer, o que se nota é a perda da unidade e muitas vezes de pessoas que afastam da igreja.
C. Exemplos de Jesus e dos apóstolos
1. Não creio existir nos Evangelhos ou nas Epístolas qualquer texto que dê base para se crer que Jesus estimulou, ou até mesmo aceitou, a competitividade como forma de motivação.
2. De igual forma o apóstolo Paulo insistiu muito na cooperatividade que resulta da unidade e vice-versa. Cooperatividade e unidade são irmãs siamesas. Veja Rm 16.21; I Co 3.9; II Co 8.23; Fp 4.3; Cl 4.11; I Ts 3.2; Fl 24.
3. O apóstolo João censurou a ambição de Diótrefes e elogiou a Gaio e Demétrio pelo espírito cooperativo de ambos. III Jo 5-12.

IV. Conclusão
A. O exemplo do ministério
1. Os líderes espirituais devem ser homens e mulheres cooperativos entre si para que o rebanho possa imitá-los.
2. Toda a energia ministerial deve estar voltada para a cooperatividade e para a unidade do corpo. Para isso precisamos compreender e respeitar as diferenças individuais tanto de personalidade, como de estilo.
3. Em nome da liberdade ou de uma característica individual não podemos prejudicar a unidade do corpo no que tange à sua doutrina, filosofia e programa. A disciplina administrativa deve ser muito forte em cada um.
B. A prática pastoral
1. Em todas as práticas pastorais devemos privilegiar a unidade e a cooperatividade.
2. A cooperatividade não deve ser um tema de discurso ocasional na igreja mas um estilo de vida cristã, do rebanho e do ministério.
3. Devemos substituir toda e qualquer prática competitiva mundana por métodos embasados na Palavra de Deus.
4. Não devemos nos deixar iludir pelos altos índices de popularidade que as competições apresentam. Os danos que ficarem ao final trarão muito mais tristeza e prejuízo do que satisfação.


Este estudo foi ministrado no(na):
Reciclagem Ministerial da Região Central
Bsb, 15/09/00